Antes de tudo, acho que é de grande importância esclarecer à todos os leitores o que é a Estação das Docas. O Complexo turístico da Estação das Docas está localizado na avenida Boulevard Castilhos França, bairro da Campina, em Belém. Inaugurado no ano de 2000, fazem parte do complexo três grandes armazéns, antes pertencentes à CDP (Companhia de Docas do Pará). Este complexo reúne de tudo, um pouco: cada armazém recebe um nome e proporciona aos seus visitantes uma experiência sempre nova, boa e inesquecível.
O Armazém 1 é o Boulevard das Artes | neste armazém, encontramos vários quiosques de excelentes cafés da cidade, como o da Cairu e o das Mulatas. Também é possível ler um pouco da história do local em vários pôsteres e usufruir de excelentes lojas de roupas e artesanato regional. Além disso tudo, é nele que está localizada a cervejaria Amazon Beer.
O Armazém 2 é o Boulevard da Gastronomia | lá, é possível encontrar vários dos melhores restaurantes de Belém, como o Lá em Casa e o Pomme D'Or, assim como um quiosque da Cairu, eleita pela VEJA Belém como a melhor sorveteria da cidade.
O Armazém 3 é o Boulevard das Feiras e Exposições | local onde são feitas diversas exposições culturais, como por exemplo, a exposição do Miriti das Águas, ocorrida em 2012. Nele também está o cine-teatro Maria Sylvia Nunes, abrigo de filmes do circuito alternativo da cidade.
Há ainda, na Estação, um terminal de passageiros, normalmente utilizado pela empresa de turismo Vale Verde, para passeios de barco ao redor da cidade e entre as ilhas e o anfiteatro Forte de São Pedro Nolasco. Agora vamos dar início a nossa história...
Alfredo está se arrumando para pegar o seu carro e ir tomar um sorvete; Davi quer ir comprar um DVD da Lucinha Bastos e também está louco por uma camisa linda com a bandeira do Pará para a sua sobrinha que mora no Rio de Janeiro; Pedro, Analice e Rodolfo, amigos da faculdade, estão indo tomar umas cervejinhas no fim de tarde pra curtir a happy hour; e Eliana já está saindo de casa pra curtir ao lado do namorado um filme argentino que não está passando no circuito corriqueiro dos cinemas de Belém. O que todos eles tem em comum no momento? Estão todos se dirigindo para a Estação das Docas, carinhosamente chamada de Estação, por aqueles que a amam e, Estação das Dondocas, por aqueles que a desdenham sem motivos relevantes.
O sol já está se pondo na cidade de Belém, os sinos da Basílica de Nazaré já badalaram marcando as 18h. Eliana logo apressa o namorado para que saiam o quanto antes de casa ou vão perder aquele filme argentino que só está passando no cine-teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação.
- Égua, amor, vamos logo. Tu sabes que essa hora o trânsito tá que tá. Acho que é melhor irmos pela Assis de Vasconcelos pra chegar mais rápido.
O namorado não estava muito interessado no filme, mas como ele não estava nem um pouco afim de discutir com a Eliana, aceitou o convite sem retrucar. Além do mais, era sempre muito bom sair daquele apartamento e ir pegar uma briza no calçadão da Estação.
Enquanto isso, lá no Guamá, três estudantes do curso de jornalismo entram num táxi em frente à UFPA e rumam pra Estação.
- Poxa Analice, eu sei que tu não gostas de cerveja, mas hoje é sexta e a gente tem que aproveitar esse finzinho de tarde e ir comemorar, já que tu és nova na cidade, a gente vai te levar numa cervejaria que é o que há. Tem cerveja de bacuri, tem de taperebá, diz que tem uma nova até de açaí, acreditas?
- Cerveja de açaí? - brada Analice - desse jeito eu fico já doida pra provar, Pedro.
E o amigo Rodolfo, comenta - eu fiquei sabendo que o Gustavo... sim, aquele gordinho do segundo período, o que tá aplicando na Lúcia, ele disse que foi lá com ela e pediram essa de açaí, uma delícia!
Davi estava de passagem por Belém, foi apresentar uns projetos na cidade e prometeu levar vários presentes pra sua sobrinha, no Rio de Janeiro. Ficou hospedado num hotel ali no início da Duque, onde descobriu uma excelente cantora da região, Lucinha Bastos. Logo ficou louco por um dvd de um show dela e informaram que vendia lá na Na Figueredo, tinha uma na Gentil e outra na Estação. Como já tinha ouvido falar em Estação das Docas e não fazia a menor ideia do que era a "Gentil", decidiu dar uma passada lá pra comprar tudo de uma vez.
E, por fim, temos Alfredo, que louco pra provar um sorvete de chocolate com pimenta, foi de carro até a Estação só pra provar a nova iguaria da Cairu e aproveitar pra curtir aquele pôr-do-sol lindo na Baía do Guajará.
Todos chegaram por volta das 18:30, ainda à tempo de ver o espetáculo do pôr-do-sol. Eliana foi direto pra bilheteria do Maria Sylvia Nunes comprar os ingressos e meia hora depois, entrou na sala com o seu namorado para assistirem aquele bendito filme argentino.
Pedro, Analice e Rodolfo foram direto sentar numa mesa no espaço da cervejaria Amazon Beer. Cada um pediu um sabor diferente. O Pedro quis a de bacuri, o Rodolfo preferiu começar com a River, de um sabor tradicional, mas suave e a Analice, claro, provou logo a de Açaí e adorou. Ficaram os três lá dentro, aproveitando o ar condicionado do Armazém 1, olhando aquela imensa e misteriosa Baía do Guajará e a noite chegando, os barquinhos passando e os aviões, lá ao longe, sobrevoando a Ilha das Onças, já na rota para o pouso no Aeroporto Internacional de Belém.
Discussão vai, discussão vem, os assuntos eram os mais variados.
- Já pagaram aquela disciplina? É um saco!
- O Gustavo tá mesmo aplicando na pipira?
- ÉÉÉGUA, mana, tu ainda não foste curtir um sertanejo lá no Palafitas?
- E aquela esfirra de pirarucu com jambu lá da Portinha?
- Portinha?
- Sim, aquela ali na Cidade Velha.
- Falando na Cidade Velha, ouviram falar daquele cara que disse ser atacado por um homúnculo, no largo da Sé?
- Largo da Sé? Eras, mano, tás ficando velho, ein. Aquele lugar mudou de nome pra Praça Frei Caetano Brandão desde que eu me entendo por gente. Mas sim, que homúnculo é esse?
- Ah, sei lá, só mais uma dessas histórias de visagens...
Já o Davi, quando chegou, se impressionou com aquela vista. Então é isso... que lugar lindo, que paz, que tranquilidade. Perdeu a noção do tempo, quando percebeu, já tinha escurecido. Entrou no Armazém 1 e subiu as escadas rolantes. Quantas lojas. Ah! Achei! Essa camisa vai ficar linda nela. Gostei do nome dessa loja, Tapuia, hehehe. Ah, essa é a Na Figueredo. Não acredito, achei o DVD da Lucinha, vou comprar.
E o Alfredo? Ah, esse foi logo tomar o seu sorvete de chocolate com pimenta. Mas quem disse que ele conseguiu se contentar só com um sabor? Pediu logo três bolas. Misturou com sorvete de açaí e de ovomaltine. Sentou numa cadeira ao lado do quiosque da Cairu e assistiu o sol se despedindo. Depois de terminado o sorvete, atravessou para o Armazém do lado e pediu uma cuia daquelas de tacacá bem quente nas Mulatas. Era noite de sexta e ele não tinha nada de importante para fazer na manhã do dia seguinte, além de dormir. Decidiu ficar mais um pouco até receber uma ligação de uns amigos parar se encontrar mais tarde com eles num barzinho novo na Wandenkolk.
Davi comprou o que tinha que comprar e desceu para pegar um táxi e voltar pro seu hotel. Tinha que arrumar as malas, já que pegava seu vôo de volta pro Rio de Janeiro logo cedo. Eliana e o namorado saíram da sessão felizes. Ela adorou o filme, ele dormiu um pouco, mas conseguiu acordar antes do fim e disfarçou. Notaram que começava a chuviscar na capital paraense. Entraram logo no no carro e voltaram pro apartamento deles, queriam descansar porque naquela manhã eles iam cedinho pra Mosqueiro com a família dele.
E os três amigos continuaram ali. Bebendo, petiscando uns pasteis ótimos de charque defumado. O Rodolfo resolveu experimentar a cerveja de açaí, mas não gostou. O Pedro entrou na onda do chopp e tomou vários, até um de menta. A Analice não quis outra coisa além da cervejinha de açaí dela, nem quis provar as outras. A conversa rolou até quase umas 22h. Pagaram a conta e foram pegar um táxi na porta. Tiveram que correr porque a chuva tava engrossando. O Pedro, que tinha tomado umas a mais, quase caía naquelas pedras antigas que cobriam a rua, mas foi amparado pelos amigos que não se aguentavam de tanto rir. Entraram no táxi e foram para as suas casas.
- Pois é... a Estação. A sempre e bela Estação. Não tem lugar melhor aqui em Belém, tem? A tarde foi pai d'égua, a gente tem que repetir isso mais vezes, topam voltar na sexta que vem?
- Mas é claro!
Rapaz, me identifiquei com a Eliana :)Estação é assim: em qualquer dia,em qualquer horário sempre vai ter algo de bom pra ver, comer, escutar, comprar.Paulo Chaves e equipe estavam inspirados quando bolaram essa maravilha.cheiro!
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