domingo, 17 de março de 2013

Aquele pãozinho de tardinha na Sagres


    Em uma das minhas habituais férias em Belém, minha mãe havia me prometido me levar a uma padaria na av. Serzedêlo, esquina da rua dos Caripunas, no bairro de Batista Campos. Dia vai, dia vem, faltavam só mais dez dias na cidade das mangueiras quando eu lembrei e cobrei que a mamãe me levasse pra conhecer aquele lugar que ela tanto tinha curtido.
   Saímos do bairro de Nazaré, onde eu estava "hospedado" e seguimos rumo à Batista Campos, via Mundurucus. Em janeiro, por causa das chuvas, a temperatura da cidade começa a amenizar um pouco, principalmente de tardinha, com aquela briza ótima que deixa tudo muito bem agradável. Cada passada pela rua era uma lembrança diferente. Os prédios antigos dos quais eu me lembrava ainda estavam ali, todos remetendo à excelentes lembranças da minha infância - melhor ainda foi reviver este percurso, uma vez que, quando eu morava em Belém, quando criança, sempre ia do meu apartamento andando até a casa da minha tia à pé, pela Mundurucus. 
    Infelizmente, aquela parte da Mundurucus não é tão arborizada como deveria ser - fica melhor lá pras bandas do horto. Mas continuando... chegamos na altura da Quintino (Bocaiúva) e rumamos para a Pariquis. Tu vais conhecer agora um lado do teu tão querido bairro de Batista Campos que tu ainda não conheces, disse logo a minha mãe. Como eu adoro andar pelas ruas de Belém, principalmente naquele meio onde eu fui criado, aceitei numa boa e fomos seguindo o nosso caminho até a padaria pela Pariquis. Chegando à Dr. Moraes, dobramos e chegamos, finalmente à Caripunas. Lá, a minha mãe me mostrou o lugar onde ela morou por alguns anos. A casa já não existia mais, agora apenas um boteco que, além de cervejas, vende açaí e chop (dindin, geladinho, sacolé...), mais adiante morava uma velha senhora, cujo neto fora há algumas décadas um perigoso bandido das redondezas.


    Em uma casinha ouvimos um [...] eu vou sambar com a mais querida do Pará, não posso me amofinar, não posso me amofinar. No meu tempero tem jambu e tacacá, não posso me amofinar, não posso me amofinar , característica marchinha de carnaval da escola de samba Rancho Não Posso me Amofinar e, a minha mãe como boa torcedora do Rancho, cantou e ainda fez uma dancinha, tirando boas risadas minhas e dos moradores da casinha, que também dançaram na hora.
     Continuamos nossa jornada para a padaria e eu ia me encanto demais com aquelas ruas, principalmente com a Caripunas. Era realmente uma outra parte de Batista Campos que eu ainda não tinha passado. Após esse momento, a minha paixão por esse bairro só aumentou. Finalmente chegamos à padaria, um lugar bonito, agradável, cheiroso - aquele cheirinho ótimo do pão que acabou se sair do forno - pedimos alguns pães carecas e também um quitute chamado "delícia de parmesão" (no qual eles não economizam, para a minha felicidade, no recheio de parmesão). Depois, voltamos para a casa da minha tia e eu passei o resto da noite pensando e lembrando desta tarde maravilhosa e de ter conhecido mais um lado dessa cidade que eu tanto amo, Belém.
     Outro dia, voltei à Sagres com a minha mãe e fomos por caminhos diferentes, conheci a Timbiras, o outro lado da Serzedêlo, a Apinagés (que é a minha mais nova paixão em Belém), a Tupinambás e a Roberto Camelier, porque eu também queria conhecer aquela parte do Jurunas. Mas isso fica pra eu contar em outro momento.


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