domingo, 17 de fevereiro de 2013

Raios e Trovões


Ah, os dias chuvosos em Belém... corriqueiros, sempre cai aquela chuvinha. Pode até nem ser um toró, mas pelo menos um chuvisco de madrugada cai. Mas, quando as nuvens escurecem, o dia vira noite na capital paraense e a população vê que ela "vem chegando", pode se preparar porque esse toró vai ser pai d'égua.


Para o pequeno Davi, de 7 anos, a chuva é algo que faz parte da sua vida. 
Todo dia tem que chover pra espantar o calor, mas pra ser completa, tem que ter raio e trovão. Mas longe de mim.
Estudando no bairro de Nazaré, mas morando em Batista Campos, todos os dias ele faz o mesmo trajeto com a mãe, até a sua casa, no fim da tarde. Nos dias de chuva forte, leva a sua capinha pra protegê-lo da água. Quando chega em casa - um apartamento no décimo segundo andar - vai correndo tomar um banho, enquanto a mãe prepara aquele chocolate quente. Os dois então vão pra varanda e ficam olhando o rio Guamá e a chuva que cai sobre o mesmo. Olham os raios ao longe e contam quantos segundos afastam o clarão do barulho do trovão. 
Por quê? Ah, a vovó me disse que pra eu saber a distância em quilômetros de onde o raio caiu até onde eu estou, tenho que contar quantos segundos levam desde o clarão, até o trovão ecoar.


Tem gente que tem medo do barulho do trovão, mas o Davi não. Aliás, pra ele, é um som de conforto, é um momento de paz, é um complemento para as tardes, manhãs e noites chuvosas da cidade. Sem trovão, a chuva não é chuva.
Aonde os raios caem? Lá pras bandas das ilhas, a do Combu, a das Onças, da pra ver raio caindo até em Barcarena, tudo do outro lado do rio e da baía.
Quando o Davi conta que gosta de ver a chuva lá da varanda, os raios e do som das trovoadas, ninguém acredita, uns até criticam. Mas como pode? Morro de medo desse barulho. Ihhh, tem muito relâmpago no céu, cobre os espelhos, Flávia, calça o chinelo, Pedro. Sai da cozinha Uiara, não pega em nada de metal que tá relampejando. 
Davi continua a sua vida, continua estudando, continua percorrendo o mesmo caminho de casa pro colégio e do colégio pra casa, todos os dias. Quando ele tem sorte, dá até pra pegar umas mangas no chão, tem cada uma mais bonita que a outra... e quanto a chuva? Que continue caindo, que continue fazendo parte da vida do Davi, da Flávia, do Pedro, da Uiara e de Belém. 
Ainda tens medo de trovão? Não te abate... os raios caíram lá pras bandas de depois do rio.


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