Ah, os dias chuvosos em Belém... corriqueiros, sempre cai aquela chuvinha. Pode até nem ser um toró, mas pelo menos um chuvisco de madrugada cai. Mas, quando as nuvens escurecem, o dia vira noite na capital paraense e a população vê que ela "vem chegando", pode se preparar porque esse toró vai ser pai d'égua.
Para o pequeno Davi, de 7 anos, a chuva é algo que faz parte da sua vida.
Todo dia tem que chover pra espantar o calor, mas pra ser completa, tem que ter raio e trovão. Mas longe de mim.
Estudando no bairro de Nazaré, mas morando em Batista Campos, todos os dias ele faz o mesmo trajeto com a mãe, até a sua casa, no fim da tarde. Nos dias de chuva forte, leva a sua capinha pra protegê-lo da água. Quando chega em casa - um apartamento no décimo segundo andar - vai correndo tomar um banho, enquanto a mãe prepara aquele chocolate quente. Os dois então vão pra varanda e ficam olhando o rio Guamá e a chuva que cai sobre o mesmo. Olham os raios ao longe e contam quantos segundos afastam o clarão do barulho do trovão.
Por quê? Ah, a vovó me disse que pra eu saber a distância em quilômetros de onde o raio caiu até onde eu estou, tenho que contar quantos segundos levam desde o clarão, até o trovão ecoar.
Tem gente que tem medo do barulho do trovão, mas o Davi não. Aliás, pra ele, é um som de conforto, é um momento de paz, é um complemento para as tardes, manhãs e noites chuvosas da cidade. Sem trovão, a chuva não é chuva.
Aonde os raios caem? Lá pras bandas das ilhas, a do Combu, a das Onças, da pra ver raio caindo até em Barcarena, tudo do outro lado do rio e da baía.
Quando o Davi conta que gosta de ver a chuva lá da varanda, os raios e do som das trovoadas, ninguém acredita, uns até criticam. Mas como pode? Morro de medo desse barulho. Ihhh, tem muito relâmpago no céu, cobre os espelhos, Flávia, calça o chinelo, Pedro. Sai da cozinha Uiara, não pega em nada de metal que tá relampejando.
Davi continua a sua vida, continua estudando, continua percorrendo o mesmo caminho de casa pro colégio e do colégio pra casa, todos os dias. Quando ele tem sorte, dá até pra pegar umas mangas no chão, tem cada uma mais bonita que a outra... e quanto a chuva? Que continue caindo, que continue fazendo parte da vida do Davi, da Flávia, do Pedro, da Uiara e de Belém.
Ainda tens medo de trovão? Não te abate... os raios caíram lá pras bandas de depois do rio.
E como chove. Os trovões são de assustar. rsrsrsrsrs
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